sábado, setembro 17, 2005

amante ideal

O vento batia em meu rosto. Um vento frio, quase cortante. No céu havia nuvens, nuvens claras que cobriam a lua e descobriam ao gosto do vento. Bela cena aquela, belo céu. Eu sempre gostei da lua. O céu, na noite, parece dar uma sensação de solidão e conforto. Uma solidão enorme e uma leve tristeza. Uma tristeza gostosa, sutil e profunda ao mesmo tempo. Sinto-me tão pequenininho olhando o céu, me sinto tão sozinho olhando a lua só. Eu e a lua. Cada um a seu modo. Dois solitários. Muitos corpos por perto, diversas estrelas, mas nenhum conjunto. Novamente eu aqui fugindo das pessoas. Às vezes não sei se a solidão induzida não é a mais triste, às vezes acho que é, às vezes acho que não. Certamente é a mais charmosa de todas. Eu gosto do charme de ser solitário, gosto de causar estranheza, gosto de às vezes terem medo de mim. Gosto de poder optar pela lua em detrimento das pessoas. Talvez eu tenha medo das pessoas, talvez só as prefira não muito perto. Gosto de mulheres belas que falam pouco, mas ainda prefiro a companhia da lua. Ela é belíssima e não fala nada. Com ela não existem cobranças, não existem pedidos e não preciso mentir. Ela não me pergunta onde eu andava, nem reclama do futebol, nem chora quando vou tomar chope. Ela não pergunta que sapato usar, não reclama da toalha sobre a cama e não chora dizendo que está em tpm. Ela some quando está em tpm e só volta quando está bem, não me cobra presença, nem presentes e está sempre disposta a passar a noite comigo. O frio desta noite vale a pena para ficar junto dela.