quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Eu não sei bem o que passa na cabeça das pessoas. Uma coisa que me questiono é como as pessoas saem por aí fazendo filhos sem boas condições para criá-los. E estou falando de filhos que são programados. Filhos gerados por descuido, camisinhas estouradas, pílulas esquecidas ou de farinha, diu que não deu certo... Bom, tudo isso eu entendo e acho normal. Até a pouco achava que grande parte das mulheres que têm filhos cedo era devido a essas falhas de percurso; todavia, tenho visto que não é bem por ai. Ontem mesmo tive dois diálogos que me mostraram isso. Uma das gurias que trabalham la na loja me contava que com a minha idade estava grávida da segunda filha e perguntou se eu não desejaria ter filhos, isso como quem diz “já que ainda não tens como seria o normal”. Eu respondi que sim, quero muito ter filhos; porém, não é o momento. Por que falta um marido? Não exatamente, bem um marido até falta, mas atualmente só um marido não me faria resolver ter filhos. Primeiro quero acabar a faculdade, depois arrumar um emprego bacana, ter melhores condições financeiras e, só então, pensarei seriamente em ter um filho, com ou sem marido. Claro que ninguém está livre de uma camisinha que furou, de um método anticoncepcional que deu errado e de tantas coisas, mas filho planejado só daqui a um tempo. Ela falou que entendia, pois eu tinha metas. Para mim ficou meio perdida aquela frase, pois sempre achei que todos tínhamos metas. Mais tarde conversava com outra moça, dois anos mais velha que eu, que é casada e tem um filho. Levando em conta o que ela ganha, e a profissão do marido, imagino que a renda familiar não seja muito maior que a minha renda pessoal , e são dois e tem um filho. Mesmo assim ela está decidida a tentar outro filho agora. Isso me parece tão irreal. Bom, de certo modo eu entendo. Eu entendo um lado dessas mulheres, o lado instintivo. O que antes eu considerava lenda, eu já percebi que existe. Chega uma certa idade que algumas mulheres são tomadas pelo desejo de ser mãe e, por que não, de casar e ter uma família só sua. Instinto de preservação da espécie, imagino. Eu já passei, há alguns anos, da idade biológica ideal de se ter o primeiro filho e o nosso corpo nos dá alguns recados. Como diria a Kika, passamos por fases uterinas, em que o desejo de ser mãe aparece e nos atucana horrores. Isso já aconteceu com algumas amigas minhas e por isso sei que não é uma nóia minha. Porém, existe uma diferença entre ter instintos e seguir instintos. Nós como seres humanos temos o lado racional também e esse impede que planejemos um filho em situações não muito propícias, nos faz tomar aquelas bolinhas coloridas todos os dias ou uma injeção mensalmente. Tipo, eu entendo a vontade dessas mulheres em terem filhos aos vinte e poucos anos; porém, não entendo como a falta de perspectivas e condições legais de criar esses filhos não interfere. Vontade de ter um filho grande parte de nós tem, mas é difícil entender que algumas levem em conta seus salários, seus estudos, suas possibilidades e outras esqueçam de tudo isso para seguir seus instintos. Eu que planejava um filho pelos vinte sete já ando me convencendo que terei que esperar mais tempo, visto que aos vinte e sete estarei me formando, quem sabe aos trinta, trinta e dois... Isso não é uma crítica, é apenas uma consideração a respeito das diferenças entre seres humanos.