domingo, outubro 23, 2005

Ela se chamava Sabrina. Mentira, não era Sabrina. Mas acho que Sabrina combinava mais com ela. Sabrina, Andréia, Marina? Vocês podem estar se perguntando que diferença isso faz. Ora, faz muita, ou vocês não se irritam quando trocam seus nomes. Eu poderia ser Pedro ou João, mas sou Miguel e gosto que me chamem de Miguel. Não sei se Miguel é o nome que mais combina comigo, talvez não, talvez como a Joana que combina com Sabrina, eu combine com Matheus. Talvez meus pais tivessem esperança que eu fosse um Miguel na vida, mas eu tenha me tornado um simples Jarbas. Talvez os pais dela a quisessem como uma Joana, pois Joanas são mais domáveis que Sabrinas. Mas não, certamente ela era uma Sabrina. Quando nascemos temos um destino certo e ganhamos um nome para aquele destino. Temos um nariz que determina como nos posicionaremos frente a vida, olhos que determinam nossa forma de ver as coisas. Olhos, olhos determinam mais coisas, a cor dos olhos é determinante. As orelhas falam menos, mas ouvem tanto. A forma da boca diz muito sobre como diremos as coisas. A cor do cabelo é crucial. Mulheres falam pelos cabelos. Certamente falam. Mil palavras femininas valem bem menos que suas madeixas. Então Sabrina pode ter nascido Joana e isso não ser um erro de interpretação de seus pais. Ela pode ter tido um nariz protuberante e olhos castanhos ao nascer. Talvez seus cabelos fossem castanhos, quem sabe até aloirados. Nunca vou saber. Com essas novas tecnologias nunca sabemos quem foi a tal mulher. Só conhecemos a mulher no tempo em que a conhecemos. Elas aprenderam direitinho como apagar qualquer resquício do que foram. Sabrina. A minha Sabrina, pode ter sido Paula, Luana e Cíntia para outros. Nunca vou saber.