segunda-feira, outubro 16, 2006

Existem coisas que a gente sabe que quer, mas não sabe bem quando. Sabe que um dia, daqui um tempo. Primeiro é quando se for adulto e ser adulto é algo que marcamos uma data. Lá pelos vinte e seis, vinte e sete, quando eu estiver formada já há alguns anos e tiver um emprego fixo, um amor fixo. Quando eu for tranqüila, segura e equilibrada. Quando se chega aos vinte é daqui há sete anos. Aos vinte e dois se percebe que não faltam mais sete e pensamos que sete é um bom número, então resolvemos que aos vinte e nove é que é o canal. Aos vinte e três achamos trinta um bom número. Então, definimos que “daqui a sete anos” sempre será melhor. Fazendo os cálculos, trinta e dois era o número da vez. Tudo ia se encaminhando para que daqui há alguns meses 33 virasse o meu número cabalístico. Qual não foi a surpresa ao descobrir que vinte e seis era ‘o número’ de fato, as previsões adolescentes eram as mais corretas.
Devo confessar que assusta pensar que, ao invés de sete anos, tudo acontecerá em oito meses. Minha barriga irá crescer, meu corpo mudar, minha vida se adaptar. Dá medo pensar que não se é adulta quando se gostaria, mas será mesmo que um dia seria? Será que um dia alcançaria a plenitude para a perfeição de se tornar mãe?Ou será que quando se tornasse mãe é que nos transformamos em boas mães? Essa pergunta eu nunca saberei responder. Apenas sei que, passado o susto inicial, me sinto preparada para esse novo papel para o qual a vida me incumbiu. Serei perfeita, adulta, segura, equilibrada? Certo que não. Porém, nunca conheci quem o fosse. Estou disposta a tentar, a dar o melhor de mim, a aprender e crescer junto com essa nova experiência. Experiência essa que, diferente de todas as outras, dura necessariamente para toda a vida.
Apesar da mudança de percurso que isso tudo implica, me sinto bem. Sinto-me feliz também em ter o Luís como o pai do meu filho, pois pai de filho é algo para sempre também. Ter um filho liga para sempre, é mais forte que namoro, noivado ou casamento, pois é impossível desligar-se. Então, se é para ser ligada para sempre com alguém, que seja com alguém que eu admiro, respeito e sempre quis muito bem, alguém que antes de ser namorado é amigo, companheiro. Alguém que eu conheço o caráter, a índole, alguém que eu sei digno e honesto. Ou seja, alguém que mais que um bom amor, sei que tem tudo para ser um bom pai.

sábado, outubro 14, 2006

Ontem assisti um pedaço do Globo Repórter, o quadro em que falavam de poderes premonitórios. Na realidade, acho que premonição não é algo raro, mas algo com o qual simplesmente temos dificuldade de lidar. Como se todos nós na realidade pudéssemos ter, no mínimo, noção do que vem pela frente, mas preferíssemos fechar a janelinha e esperar que aconteça. Claro que esse preferir não é algo consciente muitas vezes, são camadas e camadas de racionalização que nos impede de acreditar e trabalhar o que não pode ainda ser explicado e, portanto, parece crendice, magia. Esses dias falava com meu tio sobre essa questão de que existe o científico e o mágico, como se o que ainda não tem explicação fosse necessariamente algo esotérico ou religioso e não apenas um fenômeno ainda avançado para as compreensões atuais da ciência. Certamente um ponto que está longe de ser totalmente desvendado pela ciência são as capacidades mentais. Para mim a premonição pode bem ser um ponto ainda não desvendado e por isso negado pela maioria de nós.

Não consigo entender como outra coisa, que não premonição, a preparação que ocorre comigo antes de algo grande ou, aparentemente, complicado acontecer. Já faz alguns anos que percebo isso com certa clareza, se não antes, depois, se algo que me assusta começa a rondar minha mente e aos poucos começo a me acostumar com a idéia e não achá-la tão assustadora , a probabilidade da coisa acontecer é muito grande. Outra coisa que de tempos em tempos acontece é eu trancar qualquer plano geral ou em determinado âmbito, como se alguma coisa me impedisse de planejar, já me acostumei que, quando isso acontece, algo vai mudar completamente na minha vida, seja uma reviravolta geral ou apenas em um âmbito. Talvez por isso quando coisas grandes acontecem eu não me assuste mais tanto, já me assustei antes, passei por crises anteriores, fui trabalhando tudo na cabeça e quando acontece parece esperado. Agora começo a entender a grande crise que andei nos últimos meses, ela não era desnecessária como aparentava, era apenas uma preparação para as novidades e mudanças que estão por vir.