quarta-feira, julho 26, 2006

A minha situação acadêmica está um caos completo. Nunca imaginei que quando as pessoas respondiam seu semestre com um gesto vago e aquele comentário “Algo entre o quarto e o oitavo” elas falavam sério. Sim, falavam, agora comprovo, é possível, bem possível. Neste semestre o caos se instaurou de vez na minha matrícula. Até o quinto semestre tudo ia bem, deixando uma cadeirinha pendente, mas de modo geral seguindo a programação de obrigatórias do meu semestre. No sexto as coisas começaram a se perder, apesar da maioria das cadeiras serem do sexto, fazia junto uma do quarto e outra do oitavo, mas ainda conseguia definir um semestre. Depois da encomenda de matrícula que fiz ontem, não sei de mais nada. Tentando matar todas as cadeiras diurnas para que no próximo semestre pudesse trocar meu horário de trabalho para oito horas, criei um frankstein acadêmico. Este é o sétimo semestre que estarei na faculdade, estou no quarto semestre pelo ordenamento, tenho cadeira do oitavo concluída e não cursarei nenhuma cadeira do sétimo. Beleza pura. Graças a cadeira de linguagem de vídeo do quarto nem poderei responder que estou na segunda metade do curso. Alias dia que fizer Linguagem de vídeo será bem fora de propósito, imagino. Deve ser bizarro fazer a primeira cadeira de vídeo já com todas as outras cadeiras relacionadas cursadas, espero que isso seja semestre que vem, então farei a cadeira com os bixos dos bixos dos bixos dos meus bixos. Ou seja, farei a cadeira com pessoas que não faço idéia de quem são. Sim, porque se nem conheço direito os que estão no quinto semestre o que dizer dos bixos dos bixos deles. Mas enfim, sigo neste meu caos e, na realidade, não tenho idéia de como será este semestre. Ontem fiz três blocos de encomenda, como a maioria das cadeiras que pedi são eletivas, é impossível imaginar quais conseguirei, mas certamente, algo entre três e oito cadeiras me esperam nos próximos meses. Não dá nada, como diz o Luís, na pior das hipóteses, me formo em dezesseis semestres. Que absurdo!

sábado, julho 22, 2006

As mãos cheias de sacolas, respiração cansada, um certo medo. Ninguém consegue andar tranqüilo depois que escurece. Fica aquela dúvida, aquela incerteza de o que vai se encontrar na próxima esquina. Aquela sombra distante pode ser um cidadão honesto voltando para casa, um assaltante procurando uma bolsa fácil de levar ou até um estuprador. Depois de uma reportagem do fantástico sobre as vitimas preferidas isso andava lhe preocupando mais do que habitualmente. Chegou a pensar em cortar as madeixas, já que a estrutura física era impossível de mudar. No início da semana havia até ligado para saber informações sobre aulas de defesa pessoal, mas isso ainda não existia uma brecha no orçamento que possibilitasse esse investimento. Continuava frágil, pequena e ainda por cima de saia e rabo de cavalo. Se deu conta que era a imagem perfeita de vítima pintada no programa da semana anterior. Chegou a pensar em soltar os cabelos, mas com todas aquelas sacolas teria que parar para isso e parar não lhe pareceu nada seguro. Olhou em volta e sentiu calafrios, pensou que se algo acontecesse não adiantaria muito gritar. Naquelas casas comerciais fechadas não haveria quem a ouvisse. Sabia que se gritasse era melhor gritar fogo do que socorro; porém, para isso causar efeito teria que ter alguém para escutar. Isso que dá ficar até tarde no trabalho, caso alguma coisa acontecesse ninguém a indenizará por ter passado da hora para fechar relatórios. Isso que dá não ter pego um táxi, esta mania de poupar é péssima em momentos assim. Não adianta agora se lamentar, nenhum táxi passa nesses momentos. Nem táxi, nem gente. Alguns carros passam correndo, caso algo acontecer em uma dessas calçadas ninguém notará. Mais uma esquina passou. Um certo alívio, já é possível visualizar o prédio. Aperta o passo, vê um vizinho saindo. Entra rapidamente no prédio e agora está salva. Tranqüilidade, hoje nada aconteceu.

domingo, julho 16, 2006

Respirar fundo. Contar até 3, 10, 80, 190, 1350. Segurar o choro. Não se render ao desejo de mandar tudo longe. Pensar nas conseqüências. Entender quem não pensa. Ser racional e tolerante na maior parte do tempo. Engolir coisas desagradáveis. Pensar na semana que virá antes de cair total na farra do fim de semana.

As vezes me assusto com tudo isso. Tenho curiosidade em saber quando me tornei isso. Não com a nostalgia de quem perdeu algo precioso, mas com uma curiosidade por vezes infantil. Uma mistura de ânimo infantil com calmaria. Por menos que entenda o que exatamente sou, gosto do que sou. Gosto do que vejo no espelho e me agrada muito uma certa harmonia deste mosaico.

quarta-feira, julho 12, 2006

Esses dias, ouvi que a Daniele Winits colocaria mais silicone nos seios como forma de protesto ao monopólio das bundas existente no Brasil. Bom, cada um protesta como quer ou como seu brilhantismo propicia. Não entendo sua forma de protesto, mas eu também estou indignada com a falta de atenção dada aos seios. Não, não, eu não quero que os seios passem a ser uma paixão nacional, gosto é gosto e não se discute. Eu apenas gostaria que os seios recebessem mais atenção das fábricas de lingerie. A quantidade de modelos belos de sutien é vasto; porém, só se você tiver seios pequenos poderá usufruir disso. Para mulheres com busto avantajado as coisas mudam de figura. Apenar de nos últimos anos o silicone nos seios ter virado moda, os moldes dos bojos de sutien estão cada fez menores. Antigamente eu comprava com facilidade modelos normais no tamanho 44 e não tinha problema algum. Ontem tentei comprar sutien e nada de encontrar modelos normais que pudessem me servir, e o meu tamanho não mudou em nada. Ai tem a possibilidade dos sutiens de sustentação, para tamanhos grandes. Entretanto, os modelos são horríveis e fazem de tudo para achatar os seios. Achei um único modelo que não era tão horrível, mas custava mais de 80 reais. Neste momento senti inveja das americanas, pois a elas é dado o direito de serem peitudas sem ter que pagar a mais por isso, sem ter que tentar esconder suas medidas avantajadas. Ta isso foi apenas um desabafo., mas se algum empresário do ramo de lingerie ler, podia pensar no assunto.

terça-feira, julho 04, 2006

Depois de vencer a barreira que tenho com obras comentadas de mais, acabei por pegar o Código Da Vinci. Estou agora nas últimas páginas e devo me confessar surpreendida. O enredo prende, prende ao ponto de eu ter lido mais de trezentas páginas nos últimos dois dias, sendo que foram dias de trabalho, li consideravelmente. Entretanto, um enredo que prende não é algo que seja surpreendente, este é o segredo da maioria dos best sellers. O que muito me agradou foi que, ficção à parte, ele trouxe ao grande público temas pouco abordados nos meios de massa. Sem maiores detalhes e especificidades, o texto traz ao debate grandes questionamentos religiosos. Temas tratados em obras sobre as religiões pagãs, a deusa ou bruxaria são trazidos á tona de uma forma interessante. Na figura de um historiador, temas que costumam ser tratados com o ímpeto de convencimento, movidos pela fé, nessa obra encontram uma postura mais próxima da neutralidade pela fala desta personagem. A obra, em si, está longe de ser neutra e desinteressada; porém, por esta personagem, os temas são tratados como fatos sem julgamento moral, dentro das possibilidades de tratar esses temas de forma neutra. Os questionamentos sobre as religiões cristãs são feitas de diversas formas, entretanto, a questão da fé, em si, é pouco questionada, o que acredito ser uma grande vantagem deste livro. As críticas à Igreja, como instituição, não são nem um pouco veladas; entretanto, consegue distinguir a instituição da fé, coisa rara na maioria das obras que tratam do tema. Fiquei bem satisfeita que uma obra com grande repercussão trate de assuntos que leio ha muito tempo em livros específicos, possibilitando ao grande público questionamentos em relação às instituições. Principalmente por que isso implica em pré conceitos impostos há séculos e até hoje vigentes de alguma forma sobre o masculino e o feminino. Talvez o espaço feminino na sociedade seja resgatado de fato quando um maior número de pessoas entender o mecanismo de discriminação pela igreja católica desde seus primórdios. Muito mais do que temas religiosos, as religiões pagãs e a criação da religião católica são temas sociais atuais.